sexta-feira, janeiro 27, 2012

Certos personagens dos quadrinhos devem ser representados de maneira mais adulta?



Não faz muito tempo que assisti, com a ilustre Andhora Silveira, o curta que a DC produziu sobre a Mulher Gato. Ele veio como material extra no dvd da animação Batman - Ano Um. Bem, o que vocês lerão hoje não será uma resenha sobre a animação mas sim um questionamento que permaneceu na minha cabeça desde o dia que assisti esse curta.


Antes de falar sobre o questionamento é importante vocês conhecerem o curta, então eis o link da resenha que a Andhora Silveira fez no seu blog. Uma resenha muito bem feita, o blog é muito legal e recomendadíssimo por mim. Então vá lá, acesse o blog dela, leia a resenha e depois venha ler minha postagem.

O que o curta me chamou atenção foi o quanto que a DC quer transformar a Mulher Gato numa personagem mais "adulta". Quer dizer, não sei se esse termo é o ideal, pois o que a editora fez foi acrescentar sensualidade na animação e na nova revista em quadrinhos da personagem.

Sensualidade demais?


O questionamento que surgiu foi, até onde isso é necessário? A sensualidade é necessária para tornar uma personagem mais adulta?

Ser sensual é o mesmo que ser adulto?
Não critico a animação, nem a história em quadrinhos pois acho válida a tentativa. Até porque, segundo a origem canônica da personagem, a da graphic novel Batman - Ano Um, cabe dentro das histórias dela um pouco de sensualidade. Também não defendo a DC, pois não creio que uma história se torne mais adulta apenas por conter sensualidade.

A Catwoman de Batman Ano Um, uma garota de programa.
É bem óbvio que a DC está tentando reapresentar a personagem, tentando afastá-la de um esteriótipo adquirido ao longo dos anos. Mas que esteriótipo?

Praticamente uma heroína!

Bem, pense na Mulher Gato. Quando você tenta buscar memórias da personagem, lembra de sua representação nas animações da editora, nos filmes pré-Nolan, na série do Adam West (que era divertida, mas desgraçou a visão do mundo sobre o homem morcego), etc. Ou seja,  você lembra daquela ladra legalzinha, boazinha, que não faz mal a ninguém, ajuda os necessitados, tem um amor platônico pelo Batman mas não toma a iniciativa, e que parece mais uma heroína que não faz parte da Liga da Justiça.


Não que isso seja ruim, mas acho que é inverossímil com a proposta da personagem. Talvez o esteriótipo se encaixasse bem a Era de Prata, o que faz muitos saudosistas odiarem como a DC está tratando a personagem atualmente. Porém o ideal heroico das décadas passadas não causam o mesmo impacto hoje, os leitores não vão odiar um herói que aja como antigamente mas não querem ver isso sempre, bem como não querem ver anti-heróis em todos os lugares, eles querem ver personagens coerentes com sua proposta. Ou seja, que mostrem ela atuando a margem da lei, que apareça ela escapando dos heróis, tentando se estabelecer no mundo do crime, utilizando manobras não tão heroicas, coisas assim.

Lutar para proteger suas ex-colegas de trabalho, uma história adulta.

Talvez a sensualidade por si não seja o suficiente para dizer que a Mulher Gato hoje está mais coerente, mas pode fazer parte do seu mundo desde que não seja apenas para atrair os leitores no auge da adolescência. É muito plausível que ela tente proteger suas antigas colegas de trabalho do tráfico de garotas de programa, que tenha que usar o que aprendeu nesse meio para se aproximar de senhores do crime, etc. Desse ponto de vista a DC está acertando, mas que seja algo constante e que se o objetivo é consagrá-la como personagem adulta que não recorra ao mesmo tipo de histórias das demais revistas com outras propostas.

Acho que o grande problema dessa estratégia seja: Como utilizá-la em produtos mais infantis agora que ela está consagrada como personagem adulta?

Vocês sabem que o Batman ainda participa de animações, revistas, brinquedos, etc., será que não vão poder mais incluí-la nesse meio? É como se tentassem vender produtos como os personagens de Watchmen ou do Lost Girls para crianças?

E você o que acha? As editoras poderiam tratar mais personagens dessa forma? Ou ela não pode por em risco os outros produtos licenciados, principalmente aqueles voltados para crianças.

4 comentários:

* Andhora Silveira * disse...

Muito obrigada por me referenciar aqui, muito obrigada mesmo!

Eu acredito que a Mulher-gato em si é uma personagem muito sensual. O fato é que acho que a DC quer redirecionar seu foco para o público adulto. Sendo assim ela deverá ter muito cuidado, pois não é saudável, na minha opinião, uma criança visualizar algo assim. No caso, se a DC Comics também quer atingir ao público infantil deve trabalhar em HQs que alcance tanto as crianças como adultos, satisfazendo a ambos os públicos, ou então criar duas vertentes, uma que seja para o público infantil e outra para o adulto.

Amy disse...

Acho que a mulher-gato nunca foi feita pra crianças,agora muito menos...acho que tem sido bem exagerado, não há necessidade disso.

Luiz disse...

Prefiro a mulher gato com essa visão.
Ela era prostituta, então nada mais coerente do que ela ser sensual. Apesar de que 90% das prostitutas são todas cheias de pelanca.

Então está aí uma ótima exceção!

Bob Mota disse...

Andhora, eu também acho perigoso essa mudança de público que a DC quer fazer. Também acho arriscado manter duas linhas porque o público que vai crescer com a Mulher Gato "mais light" e quando for acompanhar as histórias adultas vai ter um choque. Como o caso da Estelar da série de tv dos Teen Titans e a dos new 52.

Amy, eu concordo que certos personagens desde o começo não foram feitos para crianças mas acabaram conquistando esse público. De modo que hoje tá muito complicado mudar foco sem chocar os leitores mais tradicionais. Talvez o exagêro seja para fazer essa mudança de maneira brusca!

Luiz, eu também acho que a Mulher Gato tem que estar nesse mundo. Eu não acompanhava a personagem antes do reboot talvez por isso eu aceite ela melhor assim do que como era tratada anteriormente.

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