Desde que me entendo por jogador de rpg, sempre gostei de jogar com raças diferentes e que me permitissem contar uma boa história. Para mim um personagem bom é aquele que possui uma história e não aquele que é uma máquina de matar imune ao mestre. O post de hoje é sobre uma raça que sempre gostei de jogar nos rpgs da vida.
Mas não vou fazer um dossiê sobre uma raça clássica dos rpgs de fantasia medieval, esse tipo de coisa existe em muitos blogs, sites e etc. Recomendo como material introdutório a excelente Dragon Slayer 17 (DS #17). Este post irá apresentar a versão nacional dos Elfos Negros, aqueles utilizados em Tormenta D20, hoje Tormenta RPG.
Capa da Dragon Slayer 17 |
Elfos Negros, o que eles tem de legal?
Vamos primeiro falar de modo bem breve o que eles tem de legal, depois passaremos para a versão nacional.
Segundo a DS #17, os elfos negros surgiram pela primeira vez em 1978, numa trilogia de aventuras Against the Giants, de Gary Gygax. No final desta "campanha" os jogadores finalmente descobriam os reais vilões da história que estavam por trás de uma plano bem intrincado.
Os Drow, como são conhecidos no seu cenário original, se tornaram um dos vilões mais queridos e clássicos do D&D. Eram espertos, frios, manipuladores, traidores por natureza e sabiam manipular venenos com maestria! Enfim, tudo o que era necessário para ser um vilão perfeito!
Com o passar dos anos a história da raça foi sendo construída, se tornando cada vez mais interessante e atraindo legiões de fãs.
Logo que surgiu como raça jogável, conseguiu conquistar muitos jogadores que, como eu, gostavam de usar raças diferentes para construir boas histórias. Eu gostava do plot: "herói de uma raça maligna, em que ninguém botava fé que fosse uma herói de verdade."
Os elfos negros se destacaram por ser um dos poucos vilões que não dependiam de poder bruto para botar medo num grupo de aventureiros. Dragões, gênios, demônios, todos esses eram grandes vilões clássicos que podiam fazer um estrago bem maior que os elfos negros, mas que sempre tinham como alternativa um bom estoque de magias e habilidades únicas. Vilões que dependem mais da inteligência do que qualquer outra coisa, como o Lex Luthor, são bem mais marcantes.
A história básica dos Drow é a seguinte:
Em outros cenários a história da raça sofre algumas alterações mas na essência é mesma coisa. Agora que conhecemos o básico da idéia dos Drow vamos para o cenário de Tormenta D20.Em Forgotten Realms, o termo seria uma derivação da palavra "dhaerow'. Significa "traidor" na língua élfica, pois servia para designar os seguidores da deusa-aranha Lolth, que tentou tomar o poder de Corellon Larethian, deus patrono dos elfos.Como punição, a deusa foi lançada ao Abismo, onde vivem os demônios e outros deuses malignos. Seus protegidos foram marcados com pele negra e cabelos brancos, para que todos os elfos soubessem que eram os traidores. E a luz do dia agora feria seus olhos, obrigando-os a viver na escuridão eterna do Subterrâneo.
Trecho retirado do texto sobre Drows da Dragon Slayer 17.
Os elfos negros atormentados
Em Tormenta D20, pois ainda não apareceram em Tormenta RPG, os elfos negros não são uma raça. Não existem Drow em Arton, pelo menos não como raça nativa. Jogadores que queiram utilizar essa raça precisam apenas utilizar o recurso dos portais interdimensionais que existem em diversos pontos do cenário, ou seja seu drow não é nativo e chegou em Arton através de um portal. Simples e eficaz.
Mas isso não significa que o mundo a tormenta não possua sua variante desta raça. Os elfos negros em Arton não são uma raça, mas uma seita!
Antes é preciso, para aqueles que não conhecem o cenário, dizer que os elfos de Tormenta D20 originalmente serviam a Glórien. Essa raça foi massacrada por uma exército de goblinóides, a deusa perdeu seus seguidores, estes ficaram sem pátria e por muito tempo os elfos vagaram pelo mundo, curvando-se à outros deuses, ou abandonando totalmente a fé.
Alguns procuraram refúgio em Tenebra, a deusa da noite, escuridão e mortos-vivos. Eles passaram a odiar Glórien, os elfos comuns e mantiveram o rancor e desejo de vingança pelos goblinóides. Aqueles que abraçaram a escuridão, são chamados de elfos negros.
A história pode ser lida em mais detalhes acessando esse site para ler o conto Amargura e Ressentimento, ou nas antiga revista Tormenta #3.
Em termos de regra, apesar de não ter um material oficial, os elfos negros artonianos são elfos comuns com apenas algumas características extras. Para fazer parte da seita você precisa adiquirir o seguinte talento, criado pelo @salomao também conhecido como Tek, no fórum da Jambô editora:
Elfo Negro
Pré-requisitos: raça elfo, tendência Má, passar pelo treinamento no Coração de Tenebra.
Descrição: Você deu as costas à Glórienn, e se tornou um elfo negro.
Benefícios: Benefício: você recebe +2 de bônus em testes de resistência de Vontade e ganha visão no escuro (enxerga em preto e branco no escuro a até 18 metros). No entanto, você sofre uma penalidade de –2 em Carisma.
Esse talento pode ser adiquirido por um personagem elfo a qualquer momento da campanha! Ele precisa apenas passar por um treinamento no Coração de Tenebra (um complexo subterrâneo de localização desconhecida). O mestre pode fazer com que o personagem seja convocado, ou o jogador em algum momento decida que seu personagem vai seguir esse caminho por motivos pessoais, enfim a imaginação é quem manda. O importante é que a partir deste momento o jogador fará parte da seita dos elfos negros!
Fazer parte de uma seita é mais legal do que ser de uma raça?
Não é por ser algo de Tormenta D20 que torna esses personagens mais legais que os outros. Apesar das semelhanças óbvias com os Drow originais, existem diferenças bem interessantes que podem ser muito melhor aproveitadas do que o plot de uma raça-maligna-egoísta-que-quer-destruir-tudo.
A primeira delas é que em Tormenta D20, os elfos são uma raça diferenciada. Não possuem reinos enfurnados em florestas, não são tão gloriosos, são amargurados, muitos são escravos, e poucos preferem agir para reerguer a deusa e suas tradições. Entre esses poucos ainda existem aqueles que abraçam a deusa das trevas, odeiam Glórien e estão dispostos a tudo para construir um novo povo. Um que possa se proteger de ameaças como os goblinóides, que tranforme todo o trauma sofrido em força, que prefere agir como assassinos furtivos e ágeis, causando intrigas e manipulando os outros através de tramas complexas.
Outro ponto importante são as possibilidades de utilização deles nas campanhas, por exemplo: se são ótimos vilões, podem ser grandes heróis. Ou magníficos traidores. O mestre pode utilizá-los de todas essas formas e muito mais! A prova para entrar para a seita pode ser trair um grupo de aventureiros. Ou o elfo negro quer mostrar que sua raça não é formada apenas por traidores, ou grandes vilões e por isso quer ser um herói. Outro bom plot seria o de um elfo negro que queira abandonar sua fé em Tenebra e por isso é caçado. Ou você pode fazer um grupo desses caras que tem o objetivo de matar a Glórien por tudo que ela fez!
Para concluir, eu acho o fato de serem uma seita, e não uma raça, algo bem mais interessante. Outros tantos cenário apenas fazem uma versão do original e adaptam as regras as seus cenários e sistemas. Eu achei mais criativo criarem uma seita, isso ficou bem mais coerente com o cenário e abre um leque de oportunidades interessantes para utilizá-los em diversas campanhas. De raças malignas os rpgs já estão cheios!
Obs.: Você pode se perguntar como fazer um herói elfo negro se o talento diz que precisa ser um personagem maligno. Eu como mestre ignoro isso, deixo criarem elfos negros de todos os tipos.
Obs2.: Acho que poderiam ser melhor aproveitados no Tormenta RPG visto a situação atual dos elfos no cenário. Tá certo que parece que os elfos estão migrando de novo. Mas não deviam abandonar os elfos negros, são tão legais.
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