Batman Noël - Resenha

Então, como foi o seu natal ou o seu "feriado"? Se divertiu? Viu pessoas queridas? Fez alguma coisa que geralmente as pessoas fazem nestas datas?

Esse fim de semana postei algumas imagens de heróis em clima de natal, isso me inspirou a procurar uma boa história de natal com heróis.

Eu queria ter lido essa hq antes, mas meu "atraso" em lê-la acabou servindo como um complemento da postagem que fiz falando do conto de Charles Dickens. Você já deve saber o porque, se tem acompanhado as novidades do mundo dos quadrinhos.

A Arte

Batman Noël foi escrita e ilustrada por Lee Bermejo e colorida por Barbara Ciardo. E o que posso dizer dessa dupla? 

Torre do relógio

Bem, a arte do Bermejo está espetacular. A única história que tenho como referência é Coringa (que é dele e do Brian Azzarello), comparando as duas vemos que ele se superou neste belo trabalho. Toda a revista está bela, e a paleta de cores utilizadas pela Ciardo também casa com o estilo do Bermejo. 

Neste caso a história contada e a arte combinam, me senti lendo um livro ilustrado. A arte é tão bela que me fez sentir o frio da paisagem, experimentei um pouco da mente do Bruce Wayne, deu até para sentir a dor dele através de suas expressões enquanto tossia. O Coringa ficou incrível, porém diferente da história em que ele fez com o Azzarello, continua o assassino-louco-genial-sociopata que conhecemos. A Mulher Gato também está muito bem retratada, linda para ser mais exato.

Um dos bairros de Gotham.

O ambiento, o fundo dos quadros, fachadas dos prédios, a neve do cenário, os becos, cidade de Gotham foi tratada com bastante carinho. Com um nível de detalhe excelente. Adorei. 

A História

Alerta spoiler! Se você pretende ler essa história e se importa com spoilers, não continue lendo!

Eu já sabia que a história seria uma adaptação da obra de Charles Dickens, no entanto não sabia que o Scrooge seria o Bruce Wayne/Batman, nem sabia como seriam apresentados os espíritos do natal. Tive uma agradabilíssima surpresa a medida que foi lendo esta graphic novel ímpar. Simplesmente não consegui parar de ler. 

Somos apresentados ao novo Scrooge de uma maneira diferente. Primeiro conhecemos o Bob Cratchit desta história. Aqui ele está trabalhando para o Coringa, que recentemente escapou da prisão, atuando como um "aviãzinho do tráfico". Leva a mercadoria para o cliente, recebe o dinheiro e leva de volta para quem vendeu. 

Bob é um desempregado, está desesperado para arrumar dinheiro para sustentar ele e seu filho, por isso aceitou a proposta de uma carta que chegou para ele. Porém o coitado não sabia que o Batman estava atrás  do rastro do Coringa, sem pistas o morcego decidiu ir atrás do peixe pequeno para chegar ao peixe grande.

Bob encontra seu "patrão"

Aqui o Scrooge é o Batman que conseguiu assustar o Bob e fazê-lo perder o pagamento que deveria levar ao Coringa. Bob passa a ser "um empregado" do morcego, pois ele é uma isca e o maior detetive do mundo pretende ficar em cima dele até que o palhaço do crime apareça. 

Batman não pára de trabalhar, nem no feriado, e foi aconselhado por Alfred a ajudar o Bob e seu filho pois isso poderia ser arriscado. O mordomo ainda tentou convencer seu patrão que o Bob não era uma má pessoa, que ele optou por esse caminho de maneira forçada pela falta de oportunidade. Além disso ele pede para seu patrão se cuidar pois está bem enfraquecido pelo excesso de trabalho e está bem doente. 

Bruce Wayne não escuta ninguém e decide continuar trabalhando. Então tal qual o velho Ebenezer Scrooge, Bruce recebe a visita do "fantasma" do seu antigo sócio, Robin, uma alucinação talvez provocada pelo cansaço. Ele se recupera e volta à caça do palhaço criminoso. 

O fantasma do sócio

Então durante a patrulha encontra com o primeiro espírito, o do natal passado. A Mulher Gato. Ela através de provocações e uma boa perseguição o faz lembrar do seu passado, os criminosos que prendeu, crimes que solucionou e o porque dele estar nessa vida. 

O Fantasma do Natal Passado

Após este momento de reflexão e lembranças, o segundo espírito o visita, o do natal presente. Representado pelo Superman. Essa foi uma bela surpresa pois como é descrito, o homem de aço passa a parecer com o espírito original, exceto pela falta da coroa de azevinho. O Superman oferece uma carona para casa para que o Bruce se trate, o morcego aceita mas antes quer passar na casa do Bob para investigar. Lá o Superman tenta convencer o amigo que o homem que ele está usando como isca não é uma pessoa tão ruim. Mas Bruce está irredutível e diz que a justiça precisa ser feita e que ele perseguirá inclusive o garoto para que ele não siga os passos do pai. Clark não gosta do que ouviu e leva o Bruce pela cidade mostrando o que as pessoas tem de bom. 

O Fantasma do Natal Presente

No fim o Batman é deixado próximo a Batmóvel para que possa ir para casa. Lá conhecemos o último espírito. O espírito do natal futuro, representado pelo Coringa. Ele nocauteia o morcego e o enterra vivo. Lá o nosso vigilante tem sonhos a respeito da sua morte e as prováveis consequências. Como ele se dedicou ao trabalho e como esqueceu de todo o resto. Depois de refletir ele consegue sair da cova e ir atrás do vilão. 

O Fantasma do Natal Futuro

O Coringa foi cobrar sua dívida do Bob e o morcego precisa garantir a segurança daquela família! Da mesma forma que o protagonista do conto de Charles Dickens, Bruce Wayne aprendeu uma lição. Conseguiu salvar a vida dos outros e principalmente a sua. Ajudou o Bob e seu filho, ajudou a si mesmo, viu o que era importante. Não o que era importante para o natal, mas para toda a sua vida.

Concluindo

Eu acho que nunca vi uma adaptação tão bem feita quanto esta. A história é extremamente verossímil. Praticamente vemos mais um dia na vida do morcego, com o tom de Charles Dickens. Nada de espíritos, porém seus conceitos permanecem, seus efeitos são os mesmo. Trazem a memória do Bruce seu passado, o confrontam com o presente e o fazem vislumbrar o futuro. Ensinam uma bela lição à este grande milionário obcecado pelo trabalho.

Não vemos relação com o cristianismo e o natal não é nem mencionado como desculpa para o Bruce se tocar. Certo que o título da graphic novel diz que a mesma passará nesta época, mas não temos presente na revista nada de espírito do natal. Vemos uma pessoa obcecada pelo trabalho que precisa entender o que é importante de fato para ele, para que possa continuar com sua vida.

Para você, qual a moral da história?

Uma bela adaptação, muito bem feita. Se puder comprar, faça! Vale a pena tanto pela arte quanto pela história. Gostei demais dessa graphic novel, mais uma para a instante de excelentes histórias do Batman! Mostra a imortalidade do conto de Charles Dickens e o quanto esta obra ainda pode render. Conheça a obra deste escritos inglês, vale a pena. Não conhecia o potencial de escritor que o Bermejo tinha, fiquei surpreso.

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