sexta-feira, abril 15, 2011

Games e os seus benefícios - parte 1



Howdy?!

O ataque a escola do Realengo no Rio de Janeiro foi o que muita gente idiota usou para culpar os games ou a religião do assassino como os, prováveis, motivos da tragédia. Será que os games são ruins?
É óbvio que não! 


Vou mostrar, hoje, os benefícios dos games para a inclusão de pessoas, portadoras de necessidades especiais, na sociedade.
Vamos começar com os games para portadores de necessidades especiais visuais. Pessoas com deficiência visual jogam videogame também. E são bons jogadores.

Eu tenho conhecimento de dois rapazes que conseguiram feitos incríveis nos jogos eletrônicos, sendo eles portadores de necessidades especiais.
 

Desconhecidos se unem para ajudar um garoto a jogar um dos jogos da série Zelda

O primeiro se chama Jordan Verner, um garoto canadense fã do game “The Legend of Zelda: Ocarina of Time”, que resolveu procurar ajuda para jogar e se possível zerar esse game.


Jordan Verner



Ele então conseguiu a ajuda de um outro garoto pela internet, o norte-americano Roy Williams, que reuniu amigos para ajudar o jogador com deficiência visual.

Eles pensaram em ajudar da seguinte forma, segundo as palavras do próprio Roy:
“Cada vez que fazíamos qualquer movimento, como rolar, saltar, fazer qualquer coisa, nós digitamos no computador exatamente o que estamos fazendo”, explicou Williams à rede “WIS TV”, mostrando que ele e os amigos usaram vendas nos olhos para que pudessem sentir o jogo como Verner e outros portadores de necessidades especiais visuais.
O norte-americano, o Roy Williams, inclusive disse o porquê de ter feito esse esforço para ajudar o canadense.
“Quando eu era mais novo, um médico me disse que eu ia ficar cego, o que acabou não acontecendo, mas me assustou. Eu quis ajudá-lo a superar sua deficiência”, revelou Williams.
As instruções digitadas eram então enviadas para Verner, que conseguiu recebê-las em seu computador com o auxílio de um programa de voz. Dois anos e mais de cem mil combinações de teclas mais tarde, segundo o site “Kotaku”, o canadense finalmente “zerou” o jogo. “Eu me senti ótimo”, disse Verner, “Me senti forte. Senti que o céu é o limite”, completou.

Fonte: G1

Derroto você até de costas!

O segundo rapaz, se chama Brice Mellen. Um adolescente de 17 anos, de Lincoln, Nebraska. É fã de videogames como qualquer garoto americano da sua idade. Mas um detalhe chama a atenção dos jovens que disputam, e perdem partidas de Soul Calibur contra ele: Brice é cego de nascença!

Brice Mellen

Com a posição dos menus dos jogos de luta gravados na cabeça e usando o som como referência, para  o que acontece na tela, Brice se tornou imbatível nos jogos de luta. A ponto de confessar estar entediado de tanto derrotar seus colegas. O adolescente é constantemente desafiado pelos frequentadores da loja DogTags Game Center, que jamais imaginam terem alguma dificuldade em vencer um cego. "Eu os enfrento, mas só se considerar que há desafio", diz cheio de confiança. "Eu assusto o adversário jogando de costas."
Brice começou a curtir games quando tinha 7 anos, e treinou bastante nos clássicos Asteroids e Space Invaders. Ele apenas sentou e tentou, e tentou, até conseguir, diz o pai do garoto, Larry Mellen. Ele nunca reclamou com ninguém quanto à dificuldade.
Prestes a concluir o segundo grau, Brice já sabe a carreira que irá seguir na faculdade: quer ser designer de games.

Fonte: USA Today


Nesses dois casos o hábito de jogar jogos digitais, como Zelda ou Soul Calibur, incluiu socialmente dois garotos que, normalmente não participam de tais atividades. Quantas pessoas portadoras de necessidades especiais você conhece, que joga videogames? Principalmente quando esta pessoa não consegue enxergar ou tem uma visão muito limitada?
Através dos games, 2 garotos conseguiram ser incluídos em grupos sociais, conhecer novos amigos, e ainda inspirar outros como eles. Importante também é destacar que um dos rapazes tem preferência por jogos de luta. Um tipo de jogo que, segundo vários idiotas, leva seus jogadores a desenvolverem comportamentos violentos em relação as pessoas a sua volta. 
O rapaz, mostrou que é uma pessoa normal, e que os jogos de luta levaram ele a descobrir sua carreira futura, e a conseguir novos amigos e admiradores. Através do esforço, o garoto se tornou imbatível. É um grande prejuízo não?! 

Vamos, agora, citar outros benefícios dos jogos para pessoas semelhantes a esses dois rapazes.


Games transmitindo o prazer de superar desafios


O jogo se chama “Onae, a aventura de Zoe”, foi desenvolvido pela Organização Nacional de Cegos Espanhóis (Cidat – Once), e permite que cegos e pessoas que tem uma visão normal joguem de igual para igual. No entanto, na maioria das vezes os nossos amigos tem mais vantagens.

Você deve estar pensando: “Como isso é possível?”

No game, a personagem Zoe é uma jovem estudante de geologia que trabalha em uma mina recolhendo amostras e que, no meio de um terremoto, vai parar em um mundo povoado por uma civilização desconhecida.
Ela, então, é obrigada a cumprir várias provas para sair desse outro mundo.
O jogo é o primeiro em terceira dimensão disponível no mercado. Além disso, sua tecnologia permite que uma pessoa cega jogue "quase nas mesmas condições que uma que enxerga". Para isso, os efeitos sonoros são potencializados ao máximo, diz o diretor do Cidat.
"Com o sistema, uma pessoa cega, através da audição, tem mais informação que uma que enxerga, já que o elemento sonoro o ajuda a ter certas vantagens e a avançar dentro do jogo, o jogo se passa em um formigueiro praticamente às escuras, no qual é preciso se movimentar superando obstáculos como paredes e portas e resolvendo situações", diz Pérez.

Nesse mundo de galerias com pouca luz, a pessoa que enxerga tem dificuldade de se movimentar com agilidade, e por isso, os sons são a pista fundamental.

Segundo os desenvolvedores além de toda a informação sonora no game, existem teclas de apoio que ajudam o jogador saber onde se encontra e que na maioria das vezes o cenário não representa vantagem nenhuma.

Segundo o diretor da empresa desenvolvedora, Vector: "Há situações nas quais é preciso escolher um som e, se o jogador se guia pela visão, vai se enganar". "Há situações nas quais enxergar atrapalha", acrescenta.
Basicamente no jogo existem as “rotas de som”. Os jogadores cegos ouvem um apitinho e pela freqüência e velocidade, sabem onde o objeto está.

Fonte: Terra

Mais uma vez os games mostrando seus benefícios. Imagine você ter mais jogos com este recurso auditivo imbutido, ou incentivos do governo para empresas desenvolverem esse tipo de game e levar diversão para a vida dos nossos amigos.  Ou melhor, imagine, através de incentivos, jogos clássicos fossem adaptados para essas pessoas terem o prazer que temos de jogar God of War, Final Fantasy, etc. Sentir o que sentimos quando vencemos um grande desafio. O bem que isso faz pra qualquer um é indescritível.


Games ajudam os portadores de necessidades especiais a mapearem melhor o mundo real

A realidade virtual pode permitir que usuários de videogames escapem do mundo real, mas um grupo de pesquisadores está utilizando seus recursos para ajudar os portadores de necessidades especiais a voltarem ao mundo real, navegando por lugares que realmente existem.
Pesquisadores da Universidade do Chile e da Harvard Medical School estão utilizando jogos de computadores baseados em som que permitem que os jogadores naveguem por um labirinto, um sistema de metrô e edifícios reais, com base em indicações auditivas.
Os usuários partir desses jogos aprendem tanto a construir um mapa cognitivo espacial daquilo que os cerca, ajudando crianças com deficiências visuais a desenvolver capacidades espaciais, cognitivas e sociais, como permite que estes mesmos usuários avaliem edificações desconhecidas virtualmente antes de percorrê-las na vida real.

Fonte Principal: Mundo Cegal


Conclusão da primeira parte

Não sei vocês, mas eu me sinto muito pequeno em relação aos caras que jogam games semelhantes aos que eu falei aqui. Eu me pego muitas vezes reclamando de dificuldades que aparecem na minha vida, e quando leio histórias como as do Jordan Verner ou a do Brice Mellen, ou qualquer pessoa que joga algum game só com base no som, eu me acho um frouxo! Admiro muito esses caras!
Creio que tenha ficado claro que os games trazem benefícios para essas pessoas, inclusão social e superação, são só pequenos exemplos. Ver jornalistas dizendo que games são prejudiciais, me dá nojo! Eu queria que antes, eles pesquisassem a respeito, para depois afirmar algo. Deviam se preocupar em fazer uma pesquisa séria, antes de reviver polêmicas.

Para quem se interessar pelo assunto, de games para portadores de necessidades especiais, acesse o Game Accessibility, dedicado a divulgação de pesquisas acadêmicas envolvendo este assunto.

1 comentários:

* Andhora Silveira * disse...

Que bonito post... É realmente uma grande prova de superação. As pessoas que tiveram a ideia e desenvolveram tais jogos devem ser parabenizadas de alguma maneira pela iniciativa. São pequenas coisas assim que ainda me fazem acreditar no ser humano. Ver a tecnologia sendo usada para o bem, desenvolvimento e benefício humano é muito gratificante, principalmente para nós que somos da área.

Parabéns pelo post :)

Aguardando a 2ª parte! \o

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