quarta-feira, abril 04, 2012

O desenvolvimento bélico e tecnológico do seu cenário de rpg



Por incrível que pareça as idéias para o desenvolvimento do meu próprio cenário de rpg não estão totalmente paradas, nem eu desisti dele. Da última vez que postei algo relacionado, foi sobre a minha dúvida do relacionamento da magia com a tecnologia. Acho que encontrei a resposta ou pelo menos a inspiração certa.

Não adianta colocar armas de fogo ou armas laser contra katanas ou espadas medievais, principalmente se o cenário for uma ambientação futurista. Em que tipo de mundo, alguém em sã consciência iria preferir uma espada comum no lugar de uma arma a laser?

Você pode pensar: Star Wars é assim. Vemos que espadas são eficientes contra armas laser.

Mas perceba que o Sabre de Luz é algo extremamente restrito e só útil nas mãos de um grupo extremamente seleto de indivíduos. Suas habilidades e poderes fazem com que o Sabre de Luz seja mais mortal que muitas armas de longo alcance. Porém a maioria dos personagens não usa essa arma tão específica! E não basta só possuir um Sabre de Luz, mesmo que você consiga matar um Jedi e pegar a sua arma, não conseguirá utilizá-la para se proteger dos tiros de Blaster.

Para sanar minha dúvida de como trabalhar esse aspecto do cenário eu me baseei em dois animes que gosto muito: Fullmetal Alchemist Brotherhood e Avatar: The Last Airbender.


Full Metal Alchemist - Brotherhood

No mundo de FMA-B, a Alquimia (vamos tratá-la aqui, para fins de comparação, como a magia de um mundo fantástico medieval) é um recurso exclusivo de uma certa classe de personagens. Todo alquimista precisa estar filiado ao Exército para poder atuar, apesar de qualquer um com o material certo (livros e afins) aparentemente poder aprender alquimia. Isso no país de Amestris.
Durante o anime conhecemos representantes de outros países como Ling Yao e Scar. Então percebemos que eles também tem o domínio da alquimia apesar de um pouco diferente, mas mesmo assim é algo que não é popular. São poucos os que se interessam ou tem aptidão para praticar essa "arte".

Alquimistas são poucos neste mundo.

Neste cenário vemos que a tecnologia de comunicação e transporte evoluíram, temos automóveis, trens, rádios, telefones, e do lado bélico também, quando vemos que existem armas de fogo, tanques de guerra, canhões, granadas, etc. Porém o exército ainda tem como armas principais os alquimistas, são o que eles tem de mais poderoso. Tanto que existe uma obsessão pelo aprimoramento da conjuração de alquimia através do desenvolvimento da pedra filosofal. As armas de fogo existem mas é porque a alquimia não é algo que qualquer um tem acesso, então para não possuir um batalhão extremamente reduzido, foi necessário o desenvolvimento de armas de guerra.

Tecnologia é necessária num mundo de magia escassa.


A conclusão que chego é que se o recurso mágico é escasso a tecnologia bélica irá se desenvolver em paralelo. Porém as armas principais continuam sendo os alquimistas! 

Agora vamos para um mundo um pouco diferente.


Avatar - The Last Airbender

Eu não descriminei sobre qual dos dois animes eu vou abordar, A Lenda de Aang ou A Lenda de Korra, porque vou dissertas sobre as consequências do primeiro sobre o segundo. 

No mundo de A Lenda de Aang vemos que a quantidade de pessoas que utilizam as dobras de algum elemento é bem mais numerosa do que a população não-dobradora. E bem maior do que os Alquimistas do FMA-B. Isso fica bem evidente em A Lenda de Korra.

Dobradores mais numerosos que os não-dobradores!

A tecnologia bélica do mundo de A Lenda de Aang, por parte dos não-dobradores, não se desenvolveu visto que os dobradores dominam o mundo, eles ocupam os cargos mais importantes, são reis, prefeitos, governadores e líderes do exército. Então, com alguma exceções, a tecnologia bélica permanece nos arcos e flechas, lanças e espadas. Como vemos nas nações da terra, da água e do fogo, em que os dobradores são a força principal de defesa delas.

70 anos depois, os dobradores ainda são mais numorsos.

Mesmo a nação do fogo, que possui um grande desenvolvimento bélico, tudo o que é desenvolvido é para servir aos dobradores. Os canhões de guerra são meros potencializadores da dobra de fogo, não existe um tanque de guerra como conhecemos pois eles são apenas um transporte blindado para os "soldados". Bem como os navios e zeppelins. 
Quando como o cometa de Sozin passa pelo planeta de A Lenda de Aang, os dobradores de fogo adquirem o seu poder máximo, e o zeppelin em que o Senhor do Fogo está não possui armas de destruição em massa porque eles são essas armas! Basicamente existem plataformas para os dobradores ficarem disparando incríveis rajadas de fogo.

Aeronaves com dobradores como arma principal.

Transporte blindado de dobradores de fogo.

Quando assistimos A Lenda de Korra, o número de dobradores continua bem maior que o de não-dobradores. Tanto que vemos tecnologias equivalentes as de New York e Hong Kong na década de 30 e não encontramos armas de fogo. Temos rádios, automóveis, zeppelins mais modernos, etc., ou seja, tecnologias para deslocamento e comunicação continuaram se desenvolvendo.

Um pouco da tecnologia do mundo de A Lenda de Korra.


E quanto a tecnologia para combater os dobradores? 

No mundo do anime, tanto a A Lenda de Aang quanto A Lenda de Korra, existem 3 modos eficientes para deter um dobrador: 1 - Bloqueando o Chi, como a Tai Lee fazia; 2 - Sendo extremamente ágil e impedindo os movimentos do dobrador, como a Mai; 3 - Usando a Dobra Espiritual que retira totalmente a capacidade de dobrar um elemento de um dobrador, porém só Aang e a Tartaruga Leão sabem essa.

O grupo The Equalists de A Lenda de Korra se especializaram no Bloqueio de Chi para impedir que os dobradores utilizem seus elementos. Porém não sabemos ainda se eles desenvolveram armas de fogo para dar um fim aos seus inimigos.

Então percebemos que quando temos um mundo em que o recurso "mágico" (como a dobra de elementos) é extremamente abundante e a população não-dobradora é minoria e submissa, a tecnologia de comunicação se desenvolve mas é bélica não. A não ser para potencializar o recurso "mágico" como a nação do fogo fez com seus canhões. 


Concluindo

Quando o recurso mágico é abundante a tecnologia bélica é desenvolvida para potencializá-la. Quando é restrita, a tecnologia bélica se desenvolve em paralelo para servir de apoio ou para combater a magia! 
Ou seja, se você for construir um mundo de fantasia ambientado no futuro tem que considerar se a magia será algo de fácil acesso ou restrito. Isso ajudará a desenvolver a tecnologia bélica. Porém o que for voltado para comunicação irá evoluir normalmente. 

Você ainda pode considerar um "meio termo", em que a magia é acessível o suficiente para a tecnologia bélica se desenvolver em paralelo. Pena que não lembrei de nenhum anime ou mangá para servir de exemplo. 

E você? Concorda com essa análise? Tem algum exemplo para dar? Como trabalhou isso no seu cenário de rpg?

2 comentários:

Proto Nekko/Rei Leão disse...

Excelente visão sobre esse contexto Bob, minha história se passa no período de tempo equivalente a uma idade média, a magia é abundante mas apenas para os que a dominam, como magos e feiticeiros, já os cavaleiros, arqueiros e os demais podem se auxiliar nos combates com tecnologia. Como vc bem frisou a tecnologia pode se desenvolver em paralelo.

Bob Mota disse...

SbS22 obrigado pelo elogio.

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