quarta-feira, agosto 24, 2011

Se o Superman alguma vez morreu, pra mim, foi no Grande Astros Superman


Finalmente consegui ler o Grande Astros Superman e assistir a animação. Na realidade a animação eu assisti muito antes antes de ler a hq. Como sabemos as animações da DC tem uma excelente qualidade e essa não é diferente. Aliás é diferente, vamos saber o porque.

Como essa é uma história que foi lançada em 2007, creio que posso falar sobre ela sem o risco de estar dando spoiler! Então vamos lá.

Grandes Astros Superman (All Star Superman, no original), foi escrita por Grant Morrison e ilustrada por Frank Quitely. A proposta da DC para essas revistas foi de reunir grandes autores do mundo dos quadrinhos e dar à eles liberdade total para criar histórias para grandes personagens dos quadrinhos, sem ter que seguir a cronologia original. E essa história cumpre muito bem seu papel.


Inicialmente o traço do Quitely causou um estranhamento, mas a medida que a história vai se desenrolando você percebe que esse estilo combina totalmente com a história! Ele deixa as expressões dos personagens mais humanas, você consegue perceber as emoções nas feições deles, as paisagens também são lindas é um deleite ler uma hq ilustrada dessa forma.
Se o traço é bom a história é excelente, foi feita com muito carinho. O Morrison caprichou aqui. As primeiras páginas mostram rapidamente a origem do Superman, é como se o Morrison fosse o pai de uma criança que só está conhecendo-o agora. É como se há muito tempo ele quizesse ter uma chance de construir algo junto ao seu filho. Também dá um clima de despedida à hq, que é justamente sobre o que ela fala.

Uma história clássica

A despedida do Superman, logo no início o Morrison responde uma pergunta, que penso que sempre ficou martelando na cabeça dos fãs: O que irá finalmente matar o Superman?
Muitos diriam que a Kryptonita é a solução, mas ele sempre conseguiu escapar dessa nêmesis. Mas o que vocês acham de usar a própria fonte dos poderes do Superman para matá-lo? Interessante não?
Esse plano é justamente idealizado pelo maior vilão da história do homem de aço, Lex Luthor. Ninguém melhor do que ele para acabar com a vida do último filho de Krypton.

A sinopse explica como isso acontece.
Superman vai até o sol para salvar a tripulação da nave Ray Bradbury. No entanto, a ameaça se revela uma armadilha de Lex Luthor - que, ao descobrir que está envelhecendo, resolve matar seu velho inimigo com uma sobrecarga em suas baterias solares.
Interessante é que após essa carga exorbitante de energia solar, o Superman fica mais poderoso do que nunca! Essa sobrecarga causa algo semelhante a um câncer, as células do seu corpo vão se destruindo, explodindo pelo excesso de energia. Mesmo com todas suas habilidades no máximo, inclusive o intelecto, ele não consegue resolver esse problema.

Isso também leva a pensar que essa hq além de contar uma história de morte de um super herói, ela te mostra como o maior herói de todos os tempos lidou com sua morte inevitável. Quantas pessoas não vemos por aí com doenças degenerativas semelhantes que não sabe o que fazer diante desse quadro. Apesar de ser um alien, o Superman mostra uma reação muito humana e suas atitudes diante desse fato podem ensinar como devemos encarar isso.

Humano apesar de ser um E.T.

A morte do Superman vai tomando a forma de um evento inevitável a medida que você vai lendo a hq, existe um determinado momento em que 2 viajantes do futuro trazem a notícia para ele em um jornal! No início você ainda tem a esperança que tudo isso se resolva, mas a medida que vai lendo a esperança vai se esvaindo aos poucos. 

Legal é ver ele se declarando finalmente para Lois Lane, revelando sua identidade e fazendo com ela tudo o que ele sempre quis. Exceto o sexo. Aqui vale um adendo, lembram de um post que fiz sobre os humanos conseguirem se reproduzir com todo tipo de espécie? Então, nessa hq o Superman diz à Lois com todas as letras que não tem como eles se gerarem um filho e nem ter relações sexuais. Eles podem se amar para sempre mas algumas coisas serão para sempre impossíveis entre os dois. A não ser que ele tivesse tempo para pensar numa solução, mas está morrendo.

Um amor completo.

Outro ponto alto da história é como o Morrison constrói o Lex Luthor. Aqui o Lex não é aquele cara que resolveu destruir o mundo, ele é uma resposta ao Superman. Ele não pretende destruir o mundo, ele pretende destruir o Superman. A motivação é simples, ele não admite que um ser de um outro planeta venha dar uma de deus aqui na terra. Os humanos devem encontrar seu próprio caminho, evoluir e não serem guiados por outro ser. Eles devem rejeitar o último Kryptoniano, devem mostrar que não precisam dele, que podem se defender sozinhos. Interessante que aqui você chega a concordar com ele, com sua motivação, acha até um desperdício alguém como ele ser mandado para o corredor da morte. 
Até quando o Superman vai ao seu encontro admitir que está morrendo e que o Lex pode tomar seu lugar como protetor da humanidade, o Sr. Luthor não baixa a cabeça. Diz que sua vida está completa, ele conseguiu finalmente matar o Superman e isso prova do que os humanos são capazes.


Em um determinado momento você é apresentado a Tropa dos Supermen. Formada por Supers de outras linhas temporais e todos descendentes do original, neste momento cheguei a pensar que tinha algo errado nisso tudo. Se o cara iria morrer, como ele geraria descendentes? Mas todas as pontas são amarradas no final! 

Alguns integrantes da Tropa Supermen

Sabe o povo de Kandor? Uma cidade de Krypton que foi reduzida um tamanho mínimo por Brainiac antes da explosão do planeta e que o Superman guarda ela em sua fortaleza? E vez ou outra faz uma visitinha ao povo da cidade e tal? 
Um dos elementos mais clássicos de suas histórias e está presente aqui. Inclusive o Homem de Aço, demonstra seu arrependimento em não ter conseguido resolver o problema dos seus conterrâneos. Aliás, ele até resolve mas de outra forma. Uma bem interessante diga-se de passagem.

A última cidade de Krypton

O Bizarro aparece aqui também, o Super fica preso no Mundo Bizarro e tem que se virar para sair de lá. E o pior, sem poderes! Usando só sua inteligência. Aí o Morrison também mostra sua visão deste mundo. Ele passa a idéia de que como a terra evoluiu com o tempo, o Mundo Bizarro também. Ele possui sua liga da justiça, seus cientistas, tudo como na terra só que o contrário. Até deformações este mundo possui, como Zibarro. Um Bizarro defeituoso que para nós é normal. O Superman tem que se virar para se comunicar com os habitantes deste planeta e encontrar uma solução para sair dele. E é numa dessas cenas que seu desespero fica mais evidente, pois o tempo dele está se esgotando e precisa resolver alguns problemas antes de morrer. Precisa voltar e rápido!

Fuga do Mundo Bizarro.

Outro elemento clássico que dá as caras por aqui, as Kryptonitas coloridas. Nesta hq conhecemos a de cor negra, que torna o Superman um cara muito mal! Ele simplesmente decide tocar o terror no mundo e precisa ser detido. Mas como detê-lo? 
Bem, para aguçar a curiosidade de quem ainda não leu esta obra digo apenas que ele foi detido pelo Jimmy Olsen e pelo Apocalypse. Outros dois elementos bem aproveitados aqui. Eu só não gostei muito do forma como Quitely desenhou o Apocalypse, mas a história é legal mesmo assim.

O Apocalypse está com cabelo aí, mas tem uma boa explicação para isso

E para finalizar esta história, temos finalmente o confronto final do Lex contra o Superman. Este agora é diferente, nada de Kryptonita. O Lex tem os poderes do Homem de Aço e este está morrendo cada vez mais rápido. Então os papéis se invertem, intelecto contra força bruta, Kal-El contra Lex Luthor. A batalha definitiva com um belo final. 
Essa obra tem tudo para ser adorada como Batman Ano Um, ou o Dark Knight. Reúne elementos clássicos da história do personagem, é emocionante, inovadora, não precisa acompanhar todas as revistas dele para lê-la, é uma excelente história fechada com uma arte incrível! 

Quanto a animação homônima?


Bem, ela é excelente também. Tem bastante coisa da hq, mas as partes como o Mundo Bizarro, Jimmy Olsen, Apocalypse, Kandor e uma parte excelente do final são deixadas de lado. A hq, como sempre, é mais completa. Mas a animação não fica tão atrás, adapta com perfeição a história! É muito boa e o final é igualmente emocionante apesar de um pouco diferente.
Minha dica é: Leia a hq e depois assista a animação. São exclentes! Emocionantes, mas a hq me emocionou mais! Para mim se a DC um dia matou o Superman, foi nessa história. Ela aborda tudo o que o personagem tem de bom, mostra quão importante ele é para o seu mundo. Utiliza os elementos clássicos de uma maneira que nunca vi. Uma morte digna para o maior herói de todos os tempos.


2 comentários:

* Andhora Silveira * disse...

Gostei muito da animação e tenho muita vontade de ler a série em HQ. Foi sem dúvida muito bem feito, marcante e emocionante!

Pelo que você falou a HQ tem pontos bastantes semelhantes ao filme, fico feliz quando isso ocorre.. :D

Muito boa sua análise! Escreva mais sobre esses temas. Você é muito bom.

Anônimo disse...

Boa noite, realmente vc fez um comentário muito feliz. Para aguçar mais ainda as mentes que lêem digo:
Já notaram um fundo "religioso" em tudo. Personagens com terminação "el", ex Jorel , kalel, etc, uma terminação divina encontrada no antigo testamento. Um filho(superman) enviado a uma mundo para salva-lo. Um martir disposto a morrer por pessoas que até mesmo o odeiam (superman no lugar de Cristo), um opositor ao herói (lex/diabo). Um "deus" dando origem a sua raça em outros planetas (certa semelhança com a doutrina mórmon.
Reflitam e comentem!

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