quarta-feira, abril 20, 2011

Games sem áudio, dá para encarar?



Howdy?!

Semana passada, eu postei aqui sobre games para portadores de necessidades especias visuais. Essa semana decidi dedicar esse post à outro grupo de portadores de necessidades especiais que pensamos não ter tantas dificuldades. 


O grupo dos portadores de necessidades especiais auditivas.

Segundo minhas pesquisas, boa parte dos portadores de necessidades especiais, vamos incluir por enquanto nesse grupo apenas os portadores de necessidades especiais auditivas e visuais, não tem como aprender inglês porque não tem acesso a um ensino especializado, ou acredita que suas limitações o impossibilitam aprender outra língua.

Esse dado precisa ser enfatizado porque a maioria dos jogos comercializados no Brasil não possui legendas em português! Você pode pensar que isso é uma besteira. Mas tente lembrar o quanto que é legal jogar um game sem legenda nenhuma e sem o áudio. É uma bela porcaria! 

Eu pesquisei sobre eventos de games para deficientes auditivos no Brasil e achei o Encontro de Brasilia dos Surdos e de Jogos Eletrônicos. Sendo que para minha surpresa só encontrei vídeos com narração em Libras. Legal, não?! Não entendi nada. Sinta um pouco da dificuldade deles.



A estimativa é que no Brasil existam por volta de 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. A partir disso podemos imaginar a quantidade de jovens e crianças que não tem acesso a jogos eletrônicos por conta de uma falta de consideração nossa para com essas pessoas. Não só acesso a jogos eletrônicos mas a outras coisas básicas que usufruímos, televisão, alguns filmes, músicas, enfim.

Mas você pode dizer, existem jogos puramente visuais, que não precisam de legendas.

E eu pergunto à você: Pessoas com esse tipo de dificuldade poderiam jogar Guitar Hero ?! É um jogo visual. E não precisa de legendas.

Vamos pensar um pouco, é necessário você escutar a música para ter noção de tempo e etc?

Para comprovar que o que estou falando não é besteira, um professor e uma dupla de alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPE), começaram a desenvolver um Guitar hero para surdos, alusão ao famoso game que usa imagens para ajudar a tocar as notas musicais de uma canção - com intuito de diminuir a distância entre aqueles que podem e os que não podem escutar.

"O objetivo não está em criar um jogo, mas um aplicativo que possibilite aos deficientes auditivos a tocarem instrumentos musicais", explica José Carlos Pereira, 24 anos, aluno do quarto período do curso de análise e desenvolvimento de sistemas.

"A ideia é permitir, por meio de um computador comum, que os surdos vejam as notas musicais na tela e toquem uma a uma. O ritmo será dado por meio de uma pequena pulseira, que vibra avisando o tempo das notas", completa Gean Souza, 23, do sexto período da mesma graduação; ambos são orientados pelo professor Anderson Moreira, que também participa da idealização da tecnologia.

Depois de pronto, o sistema será doado ao Núcleo de Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Napne), do próprio IFPE, especializado no tratamento de pessoas com deficiências. "Esperamos que ele também possa ser aproveitado nas escolas do nível fundamental e médio para o ensino de música a estudantes com problemas auditivos", avisa Gean, finalizando: "No fim, além da experiência adquirida, o projeto nos ajudará a trabalhar em algo que pode chamar a atenção e ainda prestar um serviço à estas pessoas".


Algumas pessoas podem pensar que os aparelhos auditivos são eficientes. 
Mas você acha que se eles tivessem 100% de eficiência, a maior parte dos deficientes auditivos utilizaria a linguagem dos sinais?

Como acompanhar jogos como Prototype, Doom 3, Prince of Persia 4, sem legendas? Você precisa entender a história. Prototype ainda comunica as missões por legendas, e Prince of Persia, é bem dedutivo, mas sem legendas você não entende nada da história. Até ouvindo fica complicado para quem não entende inglês.

Imagine agora a quantidade de jogos que temos por aí que não possuem esse tipo de recurso para incluir essas pessoas. E quão importante é o áudio para a conclusão de determinados games e etc. 
Eu senti um pouco dessa dificuldade recentemente jogando Megaman 7 para Super Nintendo. O console estava com problema e não tinha som nenhum. E para derrotar certos chefes-de-fase você precisava do áudio para saber quando precisava pular, atirar e etc. Você, gamer, sabe do que estou falando, o estímulo auditivo é extremamente importante.

Eu sei que é um pouco complicado para as empresas terem esse tipo de preocupação, pois a quantidade de pessoas com esse tipo de limitação é pequena em relação as outras. 
Creio também que os deficientes auditivos, quando se interessam por esse tipo de hobby, se adaptam da melhor forma que podem.

Mas a verdade é que, dificilmente nos lembramos desse pessoal quando projetamos alguma coisa. Vocês já tentaram imaginar como um deficiente auditivo faz uma chamada de telefone? Ou como utiliza um celular? Como assiste televisão? As emissoras dificilmente produzem conteúdo para essas pessoas. Pelo menos eu só conheço o “Novo Telecurso” da emissora Globo, que tem conteúdo para deficientes auditivos, ou seja, legendas durante o programa.
E não pense que aumentar o volume ao máximo resolve alguma coisa. Pesquise sobre problemas no nervo auditivo, e entenda a gravidade da situação.
Creio que parte desses problemas seriam resolvidos caso o governo investisse em iniciativas como a do IFPE, citado aqui no post. Ou se as empresas de desenvolvimento, sempre, oferecessem games legendados no nosso idioma. Países como Portugal, possuem games traduzidos para o português de lá. Para nós que ouvimos e temos a oportunidade de aprender outro idioma, não faz diferença. Mas como mostrei no post anterior, games são ferramentas de inclusão social, e essas pessoas ficam de fora dessa inclusão pela falta de recursos simples, como uma legenda.

1 comentários:

* Andhora Silveira * disse...

Muito bom o post... acho que a gente só entende o quanto é ruim isso quando sente na pele. Dá até pra ter ideia quando tiramos o áudio e tentamos jogar sem ele, mas mesmo assim é uma agonia passageira. Acho todo projetista de games deve pensar em possibilidades para que tais pessoas portadoras de alguma deficiência não sejam excluídas... E que iniciativas assim sejam sempre tomadas :)

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