sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Os benefícios do efeito ressaca!


Howdy?!

Você já ouviu falar do efeito ressaca no RPG?

O efeito ressaca no RPG, resumidamente, acontece quando um grupo de RPG, após jogar uma campanha muito longa e enfadonha, ou jogar por muito tempo no mesmo cenário, ou com o mesmo mestre, ou o mesmo tipo de aventura sempre, cansa de jogar RPG. Não cansa do RPG em si. E o grupo pede para o mestre variar mais. Isso é a ressaca no RPG.

Para mais informações, acesse o Paragons.

O meu grupo de RPG está passando por isso atualmente.
Nós, desde de 2002, quando o grupo começou, jogamos no mesmo cenário de RPG, Tormenta. Nunca passamos por uma ressaca relacionada ao cenário, pois ele tem muitas coisas para se fazer e permite ao mestre construir qualquer tipo de aventura. Mas depois de passar quase 1 ano na mesma campanha, a coisa toda mudou. A tal campanha foi a Libertação de Valkaria (LdV).

A primeira maior aventura do cenário de Tormenta

A Libertação de Valkaria - Tormenta D20

Valkaria, a Deusa da Ambição e da Humanidade, foi transformada em uma estátua gigante. Em seu interior está o mais perigoso labirinto jamais pisado por mortais. Quando um grupo de heróis vencer esse labirinto, a deusa será livre novamente.

Exatamente leitores. Nessa aventura você precisa libertar uma deusa que foi aprisionada por um crime que ela cometeu. Você pode pensar que é só passar por um único labirinto e tá tudo certo. Você pode pensar também que nada é maior do que Undermountain, e está certo quanto a isso. Mas aqui você não precisa vencer só 1 labirinto, você precisa vencer 20 deles.
O Panteão de Arton é formado por 20 deuses, e cada um destes criou uma masmorra, com tudo que ele tem de mais interessante, para ser vencida por um grupo de aventureiros.
Cada masmorra é enorme e empestada de monstros de diversos tipos.
Até aí, tudo bem, isso é normal em várias aventuras. O problema foi que estávamos fazendo uma média de 2 encontros por masmorra, e jogando de, praticamente, 15 em 15 dias. O que dá uma média de 1 masmorra por mês. Lógico que por se tratar de uma média, houveram meses que passamos por mais de uma masmorra, ou que passamos por apenas uma, ou nem chegamos a jogar. Então demoramos cerca de 10 ou quase 11 meses para encerrar a bendita.
E no final o grupo estava cansado de masmorras, cansado dos personagens, cansados de Arton.

Em determinado momento, achei que o grupo iria se desmanchar. Mas eis que surge a brilhante idéia de jogarmos outros RPGs, não só no sistema D20, mas sair totalmente dele. E sair também do eixo, D20 - Storyteller. Porque conheço pessoas que quando dizem que vão jogar algo diferente do D20, vão jogar Vampiro, e virce-versa. Nada contra quem joga um ou outro, ou quem só joga um desses dois, mas existe muita coisa fora desse eixo.


Ao Infinito e Além...Ou para fora do eixo D20 - Storyteller

Para fazer algo de fato diferente, optei por coisas totalmente diferentes do que o meu grupo já jogou, por isso fui atrás dos tão falados e aclamados RPGs Indie. Nunca tinha jogado nenhum RPG Indie, portanto procurei algo simples, rápido e fácil de aprender. De preferência que não precisasse ler um livro inteiro. E comecei por um sistema que ouvi falar a muito tempo no blog do Doutor Careca


Shotgun Diaries
Tem coisa mais legal do que matar Zumbis?



É um RPG de horror e sobrevivência ao apocalipse zumbi. Se você não sabe o que é isso, assista Madrugada dos Mortos, Resident Evil, The Walking Dead, coisas desse tipo. O jogo reflete exatamente o que acontece nesses filmes. Ação frenética, tensão, medo, tiros, cidades empestadas de zumbis, pessoas sendo comidas a torto e a direito, etc. O sistema é simples, rápido, o "livro" possui apenas 18 páginas e é muito bem feito e extremamente narrativo e muito fácil de aprender. É o tipo de jogo que até pra quem nunca jogou RPG, rende uma tarde e/ou noite de diversão. Não precisa de dados diferentes, apenas de d6 (dados de 6 lados), ou seja você tem tudo que precisa em casa.
Mas não se engane, não é por ser simples que o jogo deixa de ser sério.
Não existem classes, nem perícias, e as "fichas" são tão simples que você pode muito bem fazer uma em, literalmente, 1 minuto, caso seu personagem venha a morrer durante a aventura. E acredite, isso é muito fácil de ocorrer.
O que chama mais atenção, para aqueles que nunca jogaram nada diferente de Storyteller e D20, e que acham que Vampiro é o sistema mais narrativo que existe, é a liberdade que o jogador tem, praticamente ele é outro mestre.
Simplesmente o mestre designa a hora do jogador rolar os dados, e só. Se o jogador for bem sucedido, ele diz exatamente o que aconteceu, ele descreve a cena da maneira que quiser, sem o controle do mestre, sem intervenção do mestre. O jogador não pede a permissão do mestre, ele apenas age. E o mestre só narra, se o jogador falha ou quando inicia a aventura. Parece um pouco complicado para quem nunca experimentou nada assim. Mas é simples e muito bom.
O criador do sistema é o John Wick, e seus sistemas mais recentes são nessa linha. Sistemas simples, narrativos e extremamente bem feitos, um exemplo, fora esse, é o Houses of the Blooded, que é belíssimo.
Para adiquirir este sistema, compre pela Drive Thru RPG, custa U$ 5,00. Vale muito a pena, é extremamente barato. Você pode imprimir sem complicações.
E para maiores informações sobre ele, leia esta resenha dot20 ou procure mais informações na internet, depois que o Doutor Careca divulgou muita gente jogou esse sistema.
E curtam também uma antologia de contos, do próprio John Wick que se passa neste cenário, aqui.


Lady Blackbird
Steampunk + Aventuras no Espaço


Simples como Shotgun Diaries, mas com alguns detalhes a mais. Lady Blackbird é um sistema gratuito bem conceituado lá fora. Ele é o vencedor do ENnie de Prata de melhor produto gratuito em 2010. E merecido. Como o exemplo anterior, você só utiliza d6 e algumas folhas de papel. O sistema inteiro + aventura + ficha + descrição do mundo, cabe em 16 páginas. E não fica nada mal explicado. Pelo contrário, as 16 páginas são mais do que suficientes. O sistema é tão simples que cada ficha de personagem vem com um resumo dele.
No Shotgun Diaries, se você leu a resenha que citei, dá para perceber que cada personagem tem sua personalidade e modo de agir descrito pela sua especialidade. Já no Lady Blackbird, os personagens tem seu modo de agir e personalidade descritos basicamente por duas características: Traits e Keys. A ficha não é composta apenas por isso. Mas é isso o que define o que seu personagem é, como ele age, etc.
Traits (Características): Definem o que o seu personagem sabe fazer, é o equivalente a atributos, habilidades e perícias.
Keys (Chaves): Definem o comportamento do seu personagem em determinadas situações, quando utilizadas na narrativa, possuem efeitos mecânicos.
Ainda existe uma terceira característica chamada Secrets (Segredos) que são as habilidades únicas, ou especiais de um personagem.
Mas o que é interessante aqui são as Keys, que dizem como seu personagem age e te recompensa toda vez elas são invocadas (Hit the Key), e você pode perdê-las caso não aja conforme o que elas definem.
Pode parecer complicado se explicado dessa forma, mas acesse o dot20, e veja o dossiê completo deste belo sistema. 
Se você já jogou jogos com o sistema baseado no FATE, não vai se impressionar muito. Mas quem nunca jogou nada parecido com o FATE, vai ter uma bela surpresa.

Outra coisa que merece comentários é a preparação do mestre. O próprio jogo recomenda que o mestre não se prepare tanto.
Ele deve criar uma história simples e deixar os jogadores construirem a história.

Como?

Por exemplo:
A história: Os jogadores estão presos numa nave imperial, precisam fugir dela e levar a princesa para encontrar seu grande e único amor.

A história é essa, não precisa de mapas, nem fichas de adversários. E quando a aventura começar, os jogadores estão sabendo da situação, o mestre deve apenas perguntar o que o seu personagem, definidos pelas Keys + Traits, pode fazer e como se comporta diante de determinada situação. Com apenas perguntas simples aos jogadores, a história se desenvolve naturalmente. E eles é que vão criando-a com suas ações.
Isso é que é um sistema narrativo e que te faz, realmente, tomar atitudes de acordo com seu personagen.
Você pode adiquirir este achado do RPG aqui.

Quais o benefícios disso tudo afinal?

O efeito ressaca proporcionou à mim e ao meu grupo conhecer esses dois excelentes sistemas. Os jogadores gostaram tanto de ambos, que tiveram idéias de adaptá-los para outros mundos. Shotgun Diaries num mundo de fantasia clássica. Lady Blackbird em mundos como Final Fantasy.
Mas isso não é nada.
O maior benefício, creio eu, foi a consequência direta e instantânea no modo de agir do grupo, de um modo geral.
Após experimentar tais sistemas, mesmo jogando D20 ou o sistema de Tormenta RPG, os jogadores passaram a descrever, e com detalhes, o que seus personagens faziam nas aventuras, durante uma situação de conflito ou não. Também passaram a agir conforme a descrição dos seus personagens.
Entendam, o meu grupo não fazia nada disso. Parecia que estávamos jogando um MMORPG de papel. Não pelo sistema, mas porque era costume dos jogadores.
Entendo também que o sistema D20 por si só, não possui elementos nativos suficientes, como as Keys, que promovam a interpretação do personagem e ainda recompense o jogador. Não, oferecer XP extra não é a mesma coisa. E os pontos de ação são um bom recurso, mas ficam atrás das Keys.
O fato é que, aproveitar o efeito ressaca para conhecer novos sistemas pode trazer benefícios infinitos.
Eu o aproveitei para sair totalmente da rotina, totalmente da "zona de conforto" do grupo. Sistemas novos, diferente de tudo que já jogamos. Não só mudando o estilo das aventuras.
E recomendo isso. Seu grupo anda desanimado com a campanha atual, ou estão cansados do mundo em que jogam? Dê uma parada na campanha, saia do cenário, mude o estilo de aventuras, jogue sistemas completamente diferentes. Invista em sistemas indie, saia do mainstream. Não só existe sistemas indie extrangeiros, existem brazucas também. Old Dragon, Busca Final, Era Perdida RPG, Mighty Blade, é só procurar.

1 comentários:

paulocnbat disse...

Embora eu nunca o tenha jogado, li Lady Blackbird e fiquei de queixo caído. Num mini livro cabe tudo o que você precisa, é simples, direto e descritivo sem ser restringido por nenhuma destas características. e ainda tem os Hacks do sistema, também interessantes.

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...